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Uma superfície de gelo ancorada no riso: a atualidade do grotesco em Hilda Hilst
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A compreensão de Contos d’Escárnio não poderia restringir-se à construção do horizonte no qual nasce, o século XX. A intenção de escrever lixo e bestagem, anunciada pelo narrador, aos poucos, revela um grotesco vindo de um longínquo, de um aquém. Por isto, faz-se necessário também compreender o fluxo histórico-estético que encontra acolhida na imaginação de Hilda Hilst, cujo amparo conceitual buscou-se à estética da recepção e do efeito. Na Teoria Estética, o feio insurge como fenômeno da realidade artística contemporânea; refúgio de sobrevivência da arte e dos belos escritos, deixa livre à plasticidade do presente a tarefa da denúncia da realidade. Em protesto, o dissonante reivindica cidadania e se mantém como possibilidade da arte. Neste sentido, tem lugar em Hilda Hilst a atualidade do grotesco.
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