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História e ficção em Paul Ricoeur e Tucídides
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Este trabalho, marcado por um grande entusiasmo científico e uma investigação muito séria e rigorosa, sobre a novidade do conceito de narrativa histórica de Paul Ricoeur, tem como eixo central a relação entre narrativa histórica e verdade de facto nas conceções históricas de Tucídides e Ricoeur. A grande questão que alimenta todo este trabalho científico é a seguinte: sendo a poética histórica uma mimese da ação humana, será que ela se reduz, contra as teses do positivismo histórico, a mero artefacto literário? Qual o verdadeiro contributo de Paul Ricoeur para uma mediação entre as duas teses mais célebres sobre o discurso histórico: ciência ideográfica ou nomotética? Se a grande tese de Ricoeur é a de que a história é um discurso que visa sempre, através de um método científico e crítico, a verdade dos factos, embora não possa dispensar a imaginação, como compreender a relação entre história e ficção em Tucídides? São as categorias da mimese I, II e III de Ricoeur que Martinho soares aplica a Tucídides, no sentido de com elas apreender, testar e compreender a dimensão da prefiguração – valorizando a história e a memória, o semeion e o tekmerion –; a da configuração narrativa, que implica uma reflexão sobre ação e tempo humano, condensado na narrativa – o que torna pertinente a aproximação Tucídides/Aristóteles –; e, finalmente, a da refiguração, pela qual ao leitor é feito ver o passado como um “tua res agitur”, quiçá, de dimensões trágicas.
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