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Sabemos que os processos de aprendizagem são marcados pelo contexto social e cultural onde ocorrem, mas poucos estudos vêm ancorar essa afirmação com dados etnográficos detalhados. Este livro se propõe a fazê-lo. A partir de uma etnografia na região do Baixo Tapajós (Pará), interações entre adultos, crianças e jovens – em atividades como o plantio de mandioca e a produção de farinha, a caça, a pesca, a construção artesanal de barcos, ou ainda, a narrativa de histórias de “encantados” – são descritas com intuito de evidenciar como a aprendizagem dessas habilidades ocorre no cotidiano. Como é comum em outros contextos nos quais os novatos têm acesso à maior parte das atividades das pessoas mais experientes, no Tapajós aprende-se participando progressivamente dessas atividades. O livro apresenta uma revisão de literatura sobre essa modalidade de “aprendizagem por participação”, explicitando seus princípios gerais e as idiossincrasias da região estudada. Ali, adultos e pessoas mais experientes de maneira geral mostram-se particularmente pouco pacientes com os novatos. Nada mais distante da realidade local que a ideia de que é “errando que se aprende”. A aprendizagem acaba, então, sendo percebida como um desafio: e tu, afinal, “tu garante?”
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